segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sobre Sonhos e Nuvens


Em certa tarde de domingo, pus-me a colher memórias nos olhos de minha amada. Resgatei ao presente as estrelas cadentes daquilo que um dia eu vivi. E me vi criança, deitado na grama, a observar as nuvens que se desenhavam de diversas formas na plenitude azul do céu. Nesse mesmo céu que hoje suspende o meu peito às vozes do verso. Esse mesmo céu, desse mesmo azul, dono de uma intocável amplidão que reflete os meus sonhos nos espelhos dos meus olhos. E que naquela tarde, fez sentir minh’alma se afogando nos olhos de minha amada, assim como o meu eu criança se afogava no mar de nuvens que se erguia sobre os seus olhos.

Vi também que os meus sonhos, assim como as nuvens, assumiam outras formas com o passar do tempo. Se ontem via-se caravelas, hoje pode-se ver barquinhos de papel, desde que naveguem pela calmaria serena da paz de espírito. Deixar que a mão escorra as lagrimas do mar de meu peito, consiste a base da minha poesia. A mesma poesia que quando criança assistia no céu, nas nuvens, nas horas do dia. E que hoje constrói cidades no intimo do meu eu, ilumina minhas flores no breu, com a luz que se emana dos olhos me minha amada. E que recai em versos que se escrevem no peito do dormente do poeta entorpecido.


Texto: Luian Damasceno Foto: Norma Pifano

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