domingo, 30 de agosto de 2009

Lateral


Entardeço, sem poder compartilhar as coisas boas do meu dia com você. Vivo apenas por querer viver, sem qualquer brilho no olhar. Sem saber onde vou chegar, ou se vamos encontrar, o tão esperado momento em que os corpos também se encontrem. Entardeço sem querer entardecer, com medo de o dia morrer, e só me restar de você, o silencio da noite, a solidão das estrelas.

Por isso caminho, sozinho, nas ruas desertas. Calado feito o mundo que me veste, feito o asfalto que me calça. Caminho com os olhos vazios na escuridão que me consome, no seu nome que me vem a boca, sem saber como vai você... e tão pouco sem compreender o por que de tudo isso... desse nosso compromisso escondido, desse amor destituído de nós dois.

Dessa forma entardeço, e permaneço entardecendo, morrendo a cada por do sol.


texto e foto: Luian Damasceno

domingo, 16 de agosto de 2009

Infancia


lá onde eu cresci
vi muita coisa que aprendi
vivi a vida feito o vento
de lá pra cá, daqui a lí
brincava na rua
e deixava minha mãe trabalhar
espiava a vizinha nua
e ouvia a minha vó cantar:

"Coração...
de papelão..."

Texto:Luian Damasceno Foto:João Damasceno

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quarto Vazio


Sente no teu seio quente o meu peito em frente ao infinito do teu corpo. Ouve essa palavra louca que em nossas bocas queima de paixão. Deixe que os corpos conversem a conversa muda das almas caladas, e que as almas que de tão caladas adormeçam findas na rosa estendida.

Mente descaradamente assim como eu minto pra sobreviver.
Minto pro peito dormente que agora sente a falta de você.


texto e foto: Luian Damasceno

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sobre Sonhos e Nuvens


Em certa tarde de domingo, pus-me a colher memórias nos olhos de minha amada. Resgatei ao presente as estrelas cadentes daquilo que um dia eu vivi. E me vi criança, deitado na grama, a observar as nuvens que se desenhavam de diversas formas na plenitude azul do céu. Nesse mesmo céu que hoje suspende o meu peito às vozes do verso. Esse mesmo céu, desse mesmo azul, dono de uma intocável amplidão que reflete os meus sonhos nos espelhos dos meus olhos. E que naquela tarde, fez sentir minh’alma se afogando nos olhos de minha amada, assim como o meu eu criança se afogava no mar de nuvens que se erguia sobre os seus olhos.

Vi também que os meus sonhos, assim como as nuvens, assumiam outras formas com o passar do tempo. Se ontem via-se caravelas, hoje pode-se ver barquinhos de papel, desde que naveguem pela calmaria serena da paz de espírito. Deixar que a mão escorra as lagrimas do mar de meu peito, consiste a base da minha poesia. A mesma poesia que quando criança assistia no céu, nas nuvens, nas horas do dia. E que hoje constrói cidades no intimo do meu eu, ilumina minhas flores no breu, com a luz que se emana dos olhos me minha amada. E que recai em versos que se escrevem no peito do dormente do poeta entorpecido.


Texto: Luian Damasceno Foto: Norma Pifano